quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quem quer dinheiro?

E aquelas duas sabem de tudo.
-Mulher , eu tô doida que saia logo o meu décimo pra fazer umas comprinhas!
-Eu também, nunca mais peguei em dinheiro!
-O Carlim da Isaura é que todo dia pega em dinheiro!
-Eita, ficou rico da noite pro dia, foi?
-Não, é que ele é cobrador de ônibus!
-Ah, mas tem outra raça que só vive com bolso cheio!
-Só os bolsos?
-Negativo, tem money na cueca, nos sapatos, a bufunfa é toda espalhada!
-A maioria desses políticos tem jeito mesmo não!
-Agora mesmo os vereadores lá de Vinhedo, em São Paulo, aumentaram seus próprios salários!
-Criatura, é verdade mesmo?
-Eles aprovaram um aumento de 61,5% em seus salários!
-Tão se fazendo! Vão ganhar quanto agora? 
-Vão passar  passar de R$ 4.953 para R$ 8 mil na próxima legislatura!
-A conversa tá boa mas eu ainda vou estrelar um zovim!
-E eu esquentar o pão de onti pra tomar com chá de capim santo!
-Qualquer novidade eu te aviso!
-Inté!

CARTAS DE AMOR

Era metido a boêmio.
Gostava de serestas.
De músicas românticas.
Mas não tinha voz.
Os amigos brincavam:
-Barão, vou te levar lá na casa da Rose!
-Quem é Rose?
-Uma tremenda mulher!
-E a gente vai querer tua pessoa cantando pra ela!
-Não confia no teu taco, no teu gogó?
-Claro que confio, vamos lá!
Noite seguinte, o Barão soltou sua voz de taboca rachada. Os amigos se divertiam. Mas ele lá, firme, cantando para uma mulher que só sabia o nome: Rose.
Dias depois, recebeu uma carta. Ao abri-la, tomou um susto: era de Rose. E elogiava o seu talento como cantor.
Dois dias depois, nova seresta para Rose.
E nova carta de elogio chegando.
Serestas indo, cartas chegando.
Verdadeiras cartas de amor.
Até que resolveu conhecê-la.
E teve uma decepção: ela era ele.
Tomou um chá de sumiço.
Para escapar da gozação dos companheiros.