sábado, 3 de dezembro de 2011

Cadê a ponte?

E aquelas duas sabem de tudo.
-Mulher, tu viu?
-O que, criatura?
-Pois num é que construiram uma ponte e sumiu a metade?
-Mas donde foi isso?
-Lá pras bandas de Macapá!
-Menina será que a bicha num fez foi encolher?
-Larga de ser abestada, Mazé! Fizeram foi roubar!
-Mas por que num levaram toda?
 -E tu vem perguntar isso é a mim, é? 
Eita, deixei a chaleira no fogo! Mais com pouca nós continua a prosa!

O VIOLÃO

Ribeiro vivia batendo boca com a mulher. E tudo por causa da sua bebida que era demais. Rosário advertia:
-Homem, ou tu larga essa bebedeira ou eu vou simbora!
 Ele sorria, e dava o troco no ato:
Simbora? Simbora pra donde, ta ficando doida!
-Eu vou pra casa da minha prima, ainda tenho prima!
.Acendeu um cigarro e prosseguiu:
- Minha comadre, visita é mesmo que peixe, passou dos três dias já ta fedendo!
  Mas de uns tempos para cá, .arranjou um colega que batia violão, o Nonato Baixim: 
-Meu chapa, eu vou te fazer um pedido, num sei se tu vai aceitar!
-Pois venha de lá, prezado!
 Nesse instante, a mulher do Ribeiro, apareceu. E ele apresentou ao colega:
- Minha filha, esse daqui é o Nonato Baixim!
- Prazer, gostosa, quero dizer, minha senhora!
-Ribeiro, eu já fiz uma sopinha pra tu, anda!
-Vai indo que eu já vou!
E quando a mulher saiu,ele acertou com o cara que ficou
apaixonado pela mulher.
-Sabe como é, a mulher fica implicando comigo o tempo todo.
Talvez bebendo em casa a coisa melhore!
- Ora, tem mais é que é melhorar!
 Bebeu mais uma dose e falou:
-Cara, pode ficar certo que toda noite eu vou pra tua casa! E ainda levo a bebida!
Com uma semana depois,Ribeirim foi conversar com o seu pai e contou a novidade:
-Pai, a Rosário ta outra! Só o senhor vendo!
 Ajeitou a blusa da camisa e continuou:
-Foi só eu levar o Nonato Baixim pra tocar violão lá em casa!
- Meu filho, cuidado com esse tal de Nonato Baixim!
-É gente fina, além de bater bem no violão ainda traz bebida pra mim!
Na verdade, o homem ensaiava algumas canções apaixonadas e enfiava cachaça nos couros do Ribeirim. Os vizinhos começaram a desconfiar da marmota. E os comentários se sucediam:
Vocês já  deram fé? Todo dia esse cara taí!
- Mas ô cabra abestado! Tem homem desse jeitim!
 Os vizinhos não estavam errados. Descobriram a marmota. Quando o Ribeirim capotava, ela corria para os braços  do homem.  E acabou  arribando com o “negão”.
Mas o chifre não traumatizou o Ribeirim. Ele pode ser visto desfilando pelas ruas do bairro com um violão bem afinado no seu coração: Marly, uma bela morena que já está tocando a vida com ele...

O DOUTOR PAPÃO

Um certo advogado lá de Bauru,

muito conhecido com sua ligação com sindicatos,

entrou num tremendo rabo de foguete.

Foi denunciado à polícia por uma filha de 18 anos,

outra de 19, uma sobrinha e uma cunhada.

Mas ainda está à solta pelaí.

Dizem que a Sociedade Protetora dos Animais também entrou

com uma queixa crime no distrito.

É que duas vacas e um carneiro estão

com um comportamento estranho.

As vacas desprezaram os bois enquanto o carneiro não para

de soltar um insistente bééééééééé!

Aqui pra nós: que doutorzim mais esgalamido, égua!

O HOMEM QUE VEIO DE LONGE

Não muito de longe.

Mas exatamente da Paraíba,

onde iniciou sua carreira no Rádio.

Pouco tempo depois, chegava a Fortaleza.

Hoje, é um dos mais ouvidos comunicadores

da terrinha, mais exatamente da Rádio Verdes Mares,

onde domina a audiência nas manhãs de sábados e domingos.

Seu nome: Evandro Nogueira.

E como ele mesmo diz "da Paraiba para o mundo!"

Onde chega com uma dicção forte, limpa, imparcial.

Com certeza.

O ALMIRANTE DA PRAÇA

Pela Praça da Lagoinha tem mesmo de tudo.
Até um sujeito apelidado de Almirante.
Nunca pertenceu à Marinha.
Na verdade, é mais um membro da família Silva: Zé da Silva.
Dia desses foi colocar crédito em seu celular.
Acabou colocando em outro.
Ao perceber o erro, ligou para o número em que seus créditos
foram bater:
- Alô, bom dia! Aqui é o Almirante...
Rápida pausa e continuou:
- É que enquanto mexia aqui  numa panela de pressão, coloquei créditos no número do seu celular!
Uma  voz feminina do outro lado da linha:
- Escuta, que brincadeira é essa? Sou uma mulher casada!
Desligou o celular. Almirante voltou a ligar:
- Minha senhora, aqui é o Almirante...
- Mas o senhor de novo?
-  Vai devolver os créditos que botei no seu celular?
-  O senhor é doido, é? Eu sei lá de crédito, e me deixe em paz!
- Ah, mas de jeito nenhum!  Eu vou  querer meus créditos de volta! 
Dizem que teve até polícia.
E que por muito pouco Zé da Silva, o Almirante,
não foi confundido com esses bandidos que ligam do presídio.