Cidade pequena do Interior tem lá sua cadeia com um delegado e dois, três soldados. E era numa dessas que estavam os elementos Zé de Melo e Santinho, com suas ladainhas:
-Zé, meu chapa, tá na hora da gente se arrancar daqui, ó!
-Eu tô sabendo, Santim! Mas o problema é que agora num vai dar!
-E o que é que tá rolando?
-Visita do dotô delegado lá de Fortaleza!
-Então bora deixar pra depois!
-A gente começa a fazer um buraco no xadrez! Aí toda noite a gente sai, faz uns lances e volta pra cá!
- Mas tá ficando doido? Fazer buraco com quê?
- Com esse pente, fuleiragem! A parede desse xadrez é uma água!
- Cara,, tu é demais! Quem é que vai desconfiar da gente?
-Falou, nós tamos presos, ninguém pode acusar a gente de nada!
-Então bora começar logo a fazer o serviço!
Os dois começaram a furar um buraco na parede do único xadrez. Em poucos tempo concluíram:
-Pronto, agora toda noite a gente dar uma volta por aí pra afanar gado e o que aparecer!
Os dois malacas passaram a atacar as fazendas da localidade:
-Olha lá, mermão! Negócio num é fácil não! Eu tô manjando um segurança na fazenda do Pedro da Sinhá!
-Tem calma, num pega pressão! Já, já esse cara vai dormir! Isso é só pra mostrar serviço!
Os furtos foram se sucedendo e as queixas sendo apresentadas na delegacia, que também servia de cadeia, onde a dupla fazia silêncio para ouvir as queixas:
-Tem ladrão na área, autoridade!
-Eu achava melhor o senhor fazer uma ronda pela cidade!
. E quando todos dormiam, eles agiam. Dia desses, entraram em um sítio e ficaram deslumbrados com uma moto:
- Mas arrepara aí que máquina, amizade!
-Bora levar essa bicha e entocar no lugar onde a gente tá botando as outras coisas!
-Sobe aí, e vambora tirar o time!
Zé de Melo obedeceu e botou a moto pra funcionar. Em seguida saíram em disparada. Coringa ordenou: -Zé, tá indo muito ligeiro! Vai mais devagar!
-E eu lá sei como é que para isso! Qual é o pedal?
-Que pedal? Que pedal, bicho, responde!
A moto em desabalada carreira ia em rumo à delegacia. Coringa se apavorou:
-Bota pro outro lado, ou a gente vai bater no xadrez!
Não deu mais tempo. Um forte estrondo se fez ouvir. E logo a comunidade da pequena cidade tomou conhecimento de que a dupla saía à noite e praticava os furtos.
Estão em outro xadrez.
Em outra cidade.
Com um forte aparato policial.
@salesdeandrade