Borogodó do Sales - crônicas, isso e aquilo
Houve um tempo em que resolvi ser redator publicitário. Passei vinte e poucos anos. Mas antes já escrevia para jornal. Fiz várias reportagens assinadas para O Povo, à época do Odalves, Durval, Morais, Flávio e tanta gente boa. Mudei de mala e cuia para o rádio. Ingressei na Rádio Verdes Mares, em 1996, onde continuo a escrever Nas Garras da Patrulha. Agora virei blogueiro. Boa leitura!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
EU QUERIA FALAR...
Meio-dia e meia.
O telefone toca e do outro lado da linha uma voz
O telefone toca e do outro lado da linha uma voz
feminina pergunta se eu estou.
Digo que fala com o próprio.
Então ela desanda a falar que é do banco tal e...
Interrompo dizendo que já estou de saída, que ligue depois.
Cinco minutos depois, outra voz feminina querendo falar sobre
o plano de saúde tal e...Novamente sou obrigado a mentir.
Na verdade, quando querem vender não escolhem hora nem dia.
Já recebi ligações de call center até sábado à tarde.
Mas quando é pra você fazer uma reclamação há horários.
E quando atendem te enrolam durante horas.
Dias.
Semanas.
Posso fazer um pedido a vocês?
Façam de conta que eu não existo.
Muito embora reconheça que não existe isso.
LADRÃO? QUE LADRÃO?
Quando uma pessoa comum é acusada de roubo
é chamada de ladrão.
é chamada de ladrão.
Mas quando se trata de um agente público,
um prefeito, por exemplo, que tem uma conduta incorreta, desonesta,com enriquecimento ilícito,
é acusado de improbidade administrativa.
é acusado de improbidade administrativa.
Tratamento desigual é isso aí.
O EMPREGO
Depois de algum tempo desempregado, Carvalhim descolou um emprego de motorista particular.
Vestiu o paletó, ajeitou a gravata e rumou para o ponto do ônibus.
Logo na subida esbarrou em umsurrão de laranja. O dono falou grosso:
-Vambora pagando só três! Aproveite a promoção!
-Pagar? Eu chupei alguma laranja?
-Chutou e amassou seis laranjas! Mas pague só a metade!
A turma do deixa-disso entrou em ação e os ânimos foram serenados.
Meia hora depois, Carvalhim continuava no mesmo lugar. Ainda não tinha pago a passagem
e precisava descer. Tinha uma gorducha à sua frente que mais parecia uma estátua diante da catraca.
Pediu pressa:
-Ei, madame, vê se passa, eu vou descer na outra!
-Peraí, tô tomando respiração!
-Ainda mais essa vaca gorda aqui!
Um homem usando óculos rayban, tomou partido da gorducha:
-Distinto, olha como fala com a minha Elvirinha!
-O senhor é casado com esse canhão?
Nesse instante, a gorducha soltou a respiração e resolveu passar. Ficou no meio.
Nem ia pra frente e nem pra trás. Carvalhim gritou alto:
-Agora foi que foi, a praga entalou! Agora só vai com um guindaste!
Um baixinho pediu calma. Carvalhim, injuriado:
-Eu só queria saber como foi que a miséria subiu. Mas tudo que sobe desce!
Mas quem acabou descendo feito uma bala pela janela foi o Carvalhim.
O marido da mulher sacou de uma peixeira e ia botar quente.
Carvalhim deu uma passada no Frotão com escoriações generalizadas.
Mas já está bem, tomando umas e outras, comemorando por estar vivo.