quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A LICENÇA DO VALDIZAR

Quando chegou a repartição, o Valdizar foi avisado que o Lima estava novamente licenciado. Não se conteve:
-Ah, isso é demais! Esse homem é um enrolão e eu provo!
Dona Marion interveio em favor do Lima:
-Seu Valdizar, o senhor devia ser mais humano! O pobrezim ficou doente de novo!
-Pobrezim, é? Mas esse sujeito é um malandro, já disse e tá dito!
Na verdade, o Lima tinha uma facilidade incrível de deslocar o braço. Quando queria tirar uma licença aparecia com o braço “quebrado”. Valdizar se mantinha irrredutível:
-Enquanto eu me mato de trabalhar ele fica aí farreando!
E fez uma ameaça do alto da sua cadeira:
-Pois agora eu vou entrar de licença!
-Mas o senhor é sadio, vai ficar doente agora?
-Tão vendo aquela porta por onde entramos todo dia?
Ajeitou a gravata e foi adiante:
-Vou fazer carreira e papocar o chute nela!
-Mas aí o senhor vai quebrar a perna, seu Valdizar!
-Em compensação, é capaz de vir por aí até uma licença infinita!
Fez a contagem regressiva e saiu correndo em direção à porta. De repente, o diretor abriu a porta. Valdizar largou o chute no homem e os dois rolaram escada abaixo. Foram medicados no hospital. E lá mesmo ficou sabendo que estava  de licença. Ou melhor: suspenso por dois meses...

Casinha branca

Eu sonhava em ter uma casinha branca no Interior.

Sonhava.

Depois que fui assaltado

a ansiedade de sair da cidade aumentou.

Mas com os assaltos no Interior aumentando,

rasguei  a casinha branca do meu sonho.