O SÍNDICO E A MULHERADA
Seu Honorato comemorava 70 anos cercado da família e dos condôminos do edifício do qual era síndico. E as comemorações prosseguiam com reclamos dos moradores principalmente para alguns rapazes que ocupavam o apartamento 502:
- Seu Honorato, o senhor precisa ir lá e acabar com aquela doideira!
Dona Marli, também se pronunciou:
- É uma coisa horrorosa, seu Honorato! Imagine que eles tão levando mulher pra lá! E tudo quase nua! Que Deus tenha piedade das almas deles e delas, amém!
Honorato prometeu tomar as devidas providências. No dia seguinte, Dona Dalva, sua companheira de 50 anos, voltou a lembrar-lhe sobre a zoada que os rapazes promoviam:
- Meu véi, eu vou na casa da minha irmã! Aí você aproveita e dá um pulinho lá pra acabar de uma vez por todas com esse bacanal!
Quando a mulher saiu, o Honorato foi bater no apartamento dos rapazes onde rolava uma música alta do Bob Marley. E quando bateu à porta, foi recebido pelo Marcim Pantanal:
- Pois não, vozim, esmola só dia de segunda-feira!
- Mas que esmola, que nada! Eu sou o síndico do prédio!
- Não acredito! Quanta humildade, quanto carisma! O senhor fique à vontade que eu vou dar um toque pra rapaziada:
- Ei, pessoal, olha quem taqui! O síndico do prédio! Venham pra cá!
Honorato, começou a falar:
- Bom, a minha vinda aqui é pra atender aos condôminos que estão reclamando que vocês tão fazendo muita zoada, não deixando ninguém dormir!
- Não é verdade, doutor Honorato! Paulim, traz aí uma dose de uísque pra esse homem que é um orgulho da classe sindical!
O Honorato queria falar, mas logo o Marcim Pantanal, botou a Cris no colo dele:
-Olhai, seu Honorato! Que produto gostoso! E isso acompanhado de umas doses de uísque é bom demais!
E o seu Honorato entrou na dos rapazes. Passou a beber com duas gatas no seu colo, a Cris e a Mel...
- Vixe, nossa senhora, eu tem pra mim que daqui pra pouco eu enfarto! É muita mulher bonita, gostosa!
E lá para as tantas, o Honorato já cheio de uísque na cabeça, passou a falar mal da sua mulher:
-Mas ô mulher feia é aquela minha! A Dalva é um canhão!
-Fala dela assim não. Mozim!
-Mas é verdade, minha gostosa!
E passava as mão sobre o corpo da mulher enquanto pronunciava bilu, bilu, bilu.
A mulher tinha chegado e percebeu que o barulho ainda continuava com insistência. Foi ver como o marido estava se saindo! A porta estava aberta e ela viu e ouviu tudo. Aí o quebra-pau teve início. Honorato está internado em um hospital. E quando anoitece, chama pelas estrelas.
Principalmente a que leva o nome de sua mulher, a Dalva.