O PÉ FRIO
Na rodinha de fim de semana, antes do futebol, Ribamar falava de seus lances com a mulherada do bairro:
-Não, Dezim, não tô mais com a Vilani!
-Rapaz, eu num acredito que tu teja sem mulher!
-A gente também tem que tirar uma folguinha, né?!
-Eu sabia que era só onda esse negócio de ficar solteiro!
-Mas quem foi que te falou que eu tinha mandando a Vilani passear?
-Foi o pessoal! Tu num sabe que o povo daqui é falador?
Nesse instante, a Sueli deu às caras no ambiente. Dezim ficou entusiasmado, mas o Ribamar logo interveio:
-É essa aí a dona que eu te falei! E eu vou encarar é agora!
Chegou junto. Passaram a conversar ali mesmo.
E quando o namoro esquentou o convite para o motel foi inevitável:
-Mas Ribamar, eu nunca andei nesses cantos!
-Num vá pensar que eu vou lhe abandonar depois, não!
-Eu sei, mas bora dar mais um tempo!
Tempo concedido. Alguns dias depois, foram esbarrar em um motel de beira de estrada. Foi quando o Ribamar pediu a mulher para dar um beijo no dedão do pé direito!
-Tu tá é por fora, Sueli, mas eu adoro pé de mulher! E esse teu dedão tá me matando de desejo!
-Arre égua da tara desgraçada! Pois anda logo, taqui o meu pé! Mas vê se num estraga minhas zunha, pintei ontem!
Mas quando o homem meteu a boca no dedão do pezão da mulher, a coisa complicou: uma unha encravada ficou entremelada nos dentes do homem que não dizia coisa com coisa:
-Sococxbetyrokmsb!
-Fala direito, que miséria é que tá acontecendo?
Ribamar não conseguia se fazer entender. Enquanto isso, os bandidos faziam a festa, após renderem o pessoal da recepção.
Invadiram o quarto do casal e presenciaram a cena. Um dos bandidos falou:
-Mas tanta coisa boa tem uma mulher e um fi duma égua desses com essa marmota?
Os malacas levaram tudo do Ribamar.
Menos a chacota que ficou guardada entre o pessoal da comunidade que só o chama agora pelo novo apelido: pé frio.
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